Conhecimentos, sobre alimentação e nutrição, atitudes alimentares e imagem corporal em crianças em idade escolar - Projecto Obesidade Zero

Abstract

Conhecimentos sobre alimentação e nutrição, atitudes alimentares e imagem corporal em crianças em idade escolar - Projecto Obesidade Zero Introdução: A obesidade infantil apresenta cada vez maiores prevalências em todo o mundo. Alguns Projectos, de base comunitária, têm apresentado resultados positivos na prevenção da prevalência desta problemática. A carência em conhecimentos sobre alimentação e as más atitudes alimentares parecem aumentar o risco para o desenvolvimento da obesidade infantil. Objectivo: Avaliar os conhecimentos e atitudes alimentares, bem como a percepção da imagem corporal, no estado nutricional de crianças, em idade escolar, no âmbito de um Programa de intervenção, promoção e educação para a saúde, de base municipal e familiar - o “Projecto Obesidade Zero” (POZ). Métodos: O POZ é um estudo quasi-experimental, multicêntrico desenvolvido em cinco municípios de Portugal (Beja, Cascais, Mealhada, Melgaço e Silves), com articulação entre as cinco câmaras municipais e os respectivos Centros de Saúde, desenvolvido em 2009. Compreendeu as seguintes fases de desenvolvimento: 1) Consultas individuais de obesidade infantil; 2) Workshops de Cozinha Saudável; 3) Sessões de Aconselhamento Alimentar em grupo dirigidas às crianças; 4) Sessões de Aconselhamento Alimentar em grupo dirigidas às famílias. Para a classificação do estado nutricional foram utilizadas as curvas de Percentis de Índice de Massa Corporal (IMC) para o sexo e a idade, segundo os critérios do Center for Disease Control and Prevention (CDC, 2000). As variáveis referentes aos conhecimentos sobre alimentação e nutrição, às atitudes alimentares e à imagem corporal, foram recolhidas a partir de um Questionário dirigido às crianças participantes, aplicado na primeira e quarta consulta individual de obesidade infantil. Foram realizadas estatísticas descritivas e analíticas para avaliar os resultados das variáveis em estudo. O nível de significância foi estabelecido em p<0,05. Resultados: Das 289 crianças que participaram no POZ, 82,2% diminuíram o seu Percentil de IMC de acordo com a idade. Verificou-se uma melhoria dos conhecimentos sobre alimentação e nutrição da primeira para a quarta consulta (M1=51,7 e M4=57,6, respectivamente), destacando-se as crianças obesas uma vez que, na quarta consulta, tiveram uma média de conhecimentos superior (M=58,2) comparativamente às outras crianças. Verificou-se que 81,8% das criaprevnças que diminuíram o seu Percentil de IMC foram aquelas que registaram melhores níveis de conhecimentos sobre alimentação e nutrição ao longo do Projecto. Paralelamente, no que diz respeito às atitudes alimentares, o grau de contentamento face a alimentos saudáveis (alface, brócolos, cenoura, fruta, leite, pão escuro, peixe, sopa, tomate) aumentou da primeira para a quarta consulta (M=1,2). Relativamente à percepção da auto-imagem das crianças, na primeira consulta verificou-se que os rapazes obesos subestimaram mais o seu peso, comparativamente com as raparigas obesas (56,8% e 49,4%, respectivamente). Por outro lado, as raparigas obesas acabaram por sobrestimar mais o seu peso, comparativamente com os rapazes obesos (20,8% e 16,2%, respectivamente). Conclusão: Projectos de base comunitária, como o Projecto POZ, que têm como objectivos a promoção de conhecimentos sobre nutrição e alimentação, de atitudes alimentares mais saudáveis bem como a melhoria da percepção da imagem corporal parecem ser eficazes na abordagem da obesidade infantil.