Funções executivas e competências linguísticas em crianças dos 3-4 anos

Abstract

Sabe-se que a linguagem e as funções executivas (FE) implicam um processamento (neuro)cognitivo e que se desenvolvem logo a partir do período pré-escolar. A relação entre as competências linguísticas e as funções executivas, tem vindo a ser debatida nos últimos anos, mas ainda são poucas as investigações que centram a sua atenção neste âmbito e na população infantil. Assim, a presente investigação tem como principal objetivo analisar a relação entre as funções executivas e as competências linguísticas em crianças com idades compreendidas entre os 3A00M-4A11M. A metodologia teve por base um estudo descritivo-correlacional e comparativo. A amostra é constituída por 25 crianças, 15 rapazes e 10 raparigas, com idades compreendidas entre 3A7M e os 4A11M (43-59 meses; M=52,80; DP=4,82), que frequentavam o ensino pré-escolar. Para a recolha de dados foram usados três instrumentos: 1) Questionário de caracterização sócio-demográfica (Teixeira, Cordeiro e Rato, 2012); 2) The Shape School (Rato e Castro-Caldas, 2011) e; 3) Teste de Avaliação da Linguagem na Criança (Sua-Kay e Tavares, 2011). Os nossos resultados indicaram que há associação estatisticamente significativa entre as competências linguísticas e as FE, sendo que a capacidade para a comutação de tarefas mentais revela-se como preditora das dimensões compreensiva e expressiva, no que diz respeito à habilidade para compreender frases complexas e nomear imagens (vocabulário – imagens). Observou-se ainda que há homogeneidade no desempenho das crianças em função do género, tanto no âmbito das competências linguísticas como ao nível das funções executivas. Como conclusão, destacam-se o semântico e morfossintático como os domínios linguísticos com mais relevância para o desempenho das crianças em tarefas executivas. Este estudo revela-se um contributo importante, tanto para a Terapia da Fala, como para a Neuropsicologia, suportando a importância do trabalho interdisciplinar.