A experiência da mulher que realiza a interrupção voluntária da gravidez: uma revisão scoping

Abstract

Enquadramento: A interrupção voluntária da gravidez [IVG], é um procedimento médico seguro se realizada precocemente em serviços legalizados e consiste no desejo da mulher terminar a gravidez por esta não ter sido planeada e/ou desejada, sem que corra riscos de saúde. A evidência revela que, apesar da IVG ser um procedimento com relativa prevalência em Portugal, as mulheres que a realizam sentem-se vítimas de preconceito e submetidas a um atendimento discriminatório, estigmatizado e penalizador. Neste sentido, importa compreender qual a experiência das mulheres e o papel do enfermeiro que delas cuida durante todo este processo. Objetivos: O objetivo geral definido é compreender qual a experiência da mulher que realiza a interrupção voluntária da gravidez. Os objetivos específicos são: identificar os fatores que influenciam a tomada de decisão para realização da IVG, reconhecer os sentimentos da mulher no processo da IVG e descrever o papel do enfermeiro perante a mulher que realiza a IVG. Método: De forma a mapear na literatura os domínios associados à experiência da mulher que realiza a IVG, foi realizada uma revisão scoping [RSc], desenhada de acordo com as guidelines do PRISMA Extension for scoping review (PRISMA-ScR) e do instituto Joanna Briggs para revisões desta natureza. Previamente à revisão, foi desenhado o respetivo protocolo de acordo com o Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analysis protocols (PRISMA-P). Foram pesquisados artigos publicados em português, inglês e espanhol, entre 2017 e 2022, nas bases de dados MEDLINE e CINAHL. Resultados: Após a pesquisa nas bases de dados com os respetivos limites temporais e linguísticos obteve-se um total de 360 artigos, dos quais foram excluídos 51 artigos duplicados. Após a leitura do título e resumo foram selecionados 30 artigos para leitura integral, tendo sido selecionados 10 artigos para extração. Da análise dos resultados destes artigos emergiram como principais domínios relativos à experiência da mulher que realiza a interrupção voluntaria da gravidez: Fatores que influenciam a tomada de decisão para realização da IVG, os sentimentos da mulher no processo da IVG e o papel do enfermeiro perante a mulher realiza a IVG. Conclusão: Quando uma mulher procura realizar uma IVG, vários sentimentos negativos surgem devido ao medo do estigma, de possíveis complicações e de alteração do estilo de vida atual. Desta forma é importante sensibilizar a população para o direito da mulher de interromper a gravidez, se for essa a sua vontade, a necessidade do investimento na prevenção primária mais concretamente no planeamento familiar e a necessidade de uma maior sensibilização e formação dos enfermeiros que acompanham a mulher durante o processo da IVG.